sábado, 24 de julho de 2010


Este livro "Punição para a Inocência" (Ordeal by Innocence) é de 1958 e, naquele tempo, havia pessoas que prezavam a justiça e os valores éticos.
Um homem, involuntariamente, não presta um depoimento que inocentaria um acusado de homicídio e o rapaz é julgado, condenado e vem a morrer na prisão, por causa de uma pneumonia.
Quando toma conhecimento do fato (ele esteve ausente por dois anos de todo contato com os acontecimentos) ele procura reparar a sua falta procurando os parentes, envolvidos no crime.
Fica surpreso ao ver que não é bem recebido, ele ignora que, se o jovem acusado era inocente, então qualquer um dos familiares (os únicos que poderiam ter cometido o crime) são agora suspeitos.
Não descobrir, agora, o culpado, traz consequências dolorosas: os inocentes, sempre sob suspeita, como poderão continuar a sua vida daqui para frente?
Há necessidade de justiça para o acusado injustamente mas, e os inocentes, serão também punidos?
O livro é seco, doloroso e nos mostra como a caridade não implica, necessariamente, em gratidão. Às vezes, amor demais sufoca.

quinta-feira, 22 de julho de 2010


Em 1935 o vôo do meio-dia da Universal Airlines Ltda., saiu de Le Bourget, em Paris, para Croydon, em Londres, com 25 pessoas a bordo: dois pilotos, dois comissários (1 copa e 2 banheiros) e 21 passageiros em dois ambientes divididos em 10 e 11 pessoas. As bagagens ficavam no fim do avião.
Logo foi servido o almoço: sopa, carne, legumes, salada, doce, queijo, biscoitos e café (pago diretamente aos comissários) e, mais ou menos às 14 horas é constatada a morte de uma passageira - crime cometido na frente de todos os demais.... e ninguém viu nada.
Nem Hercule Poirot que viajava no Prometeu (nome da aeronave) e que só tomou uma água e uns biscoitinhos, dormindo o resto do tempo.
"A Morte nas Nuvens" (Death in the Clouds) é mais um livro de Agatha Christie com poucos personagens e muitos suspeitos: todos os 1o passageiros e os 2 tripulantes.
Decentemente AC nos oferece uma pista e logo depois mais outra que eu, nem quando li da 1a. vez, percebi. E elas eram bem claras.
O crime, como todos os crimes, afeta a vida dos envolvidos e, em alguns casos, para sempre. Para o bem ou para o mal.
HP conduz a investigação com o brilho costumeiro e ainda tem tempo para engendrar dois casamentos, dos jovens bonzinhos da história e, naturalmente, agarrar o criminoso.
Viajar de avião em 1935 era uma aventura. E hoje não é? Tem casos até de 13 banheiros entupidos! Ah, essas companhias estrangeiras...

terça-feira, 20 de julho de 2010


Sempre se renovando, Agatha Christie escreve um livro em que os personagens , como ela mesma diz, são todos muito antipáticos. "Cem gramas de Centeio" (A Pocket Full of Rye), tem logo de saida, três assassinatos em 48 horas e os envolvidos são, realmente, antipáticos.
Dessa vez Miss Marple não é chamada mas, sempre guiada por seu senso de justiça, vai ao local do crime para investigar a morte de uma pobre jovem, orfã, e que durante algum tempo esteve a seu serviço.
A brutalidade do crime mexe com os sentimentos de Miss M. e também com os nossos.
A ambição de uma pessoa não devia envolver uma jovem ingênua e desamparada.
Em dois dos crimes a arma utilizada foi o veneno, a preferida de AC. e além do costumeiro cianureto (toda casa tinha uma reserva desse veneno para matar ninhos de marimbondos, prático, não?), ela introduz um pouco conhecido: a taxina, extraido dos frutos da árvore do teixo, abundante no local (a casa se chama "O Solar do Teixo" ).
Da árvore do teixo (que dura de 1500 a 2000 anos) é extraído um alcalóide (taxina) que é veneno mas também usado como medicamento no combate ao câncer (taxol). Eu mesma já tomei esse remédio (tamoxifen) durante 5 anos, graças a Deus.
Ao regressar a sua casa Miss M. recebe a confirmação das suas deduções que levaram à prisão do culpado.

segunda-feira, 19 de julho de 2010


Miss Marple lamenta sua dificuldade de, às vezes, lembrar-se de um nome ou de um acontecimento. Ela diz, como eu mesma digo tantas vezes: Daqui a pouco eu me lembro, tenho certeza.
Mesmo consciente de suas limitações ela aceita a proposta misteriosa e tem um incentivo financeiro. Mas ela não é seduzida pelo dinheiro, mas o código usado para atraí-la - Nêmesis - é o bastante para ela.
Vencendo as dificuldades ela consegue levar a bom termo sua missão e decide, ao contrário dos conselhos dos advogados, deixar o dinheiro recebido (vinte mil libras) em sua conta-corrente para gastá-los em coisas que ela sempre quis, mas não podia comprar. Ela diz: uma perdiz (são tão caras), vou comê-la inteira.
O que eu faria se recebesse um dinheiro extra, mesmo uma pequena quantia? Não ia gastá-lo em excursão para ver jardins, isso eu garanto.

As primeiras páginas de "Nêmesis" (Nemesis) são de uma delicadeza que nos transporta a um tempo que, mesmo sem tê-lo vivido, temos dele deliciosas recordações.
A rotina diária de Miss Marple, a leitura dos jornais (quando chegam no horário acertado), a procura das notícias (jornais são para isso: notícias), a leitura dos obituários... Minha mãe, ao pegar o jornal, pela manhã, lia primeiro o obituário. Ela queria saber, logo cedo, quem havia morrido.
Miss M. recebe cartas e o abridor de cartas está sempre ao seu lado para ser utilizado, cuidadosamente.
Ao receber um convite de uma firma de advogados de Londres ela não pode fazer idéia do que a espera: uma visita, com tudo pago, aos jardins e mansões notáveis, com o objetivo de procurar, num acontecimento do passado, justiça para os inocentes e castigo para um crime que, ao contrário dos outros, tem como motivo o amor. Amor errado, é claro, amor doentio, não o verdadeiro AMOR.
(continua)

domingo, 18 de julho de 2010


"Os Três Ratos Cegos" (The Three Blind Mice and Other Stories) reúne 13 histórias escritas por Agatha Christie, de 1924 a 1948, e entre elas, a que dá nome ao livro, está a peça de rádio que ela escreveu, em 1951, para atender o pedido da Rainha-Mãe e que se tornou o embrião da peça teatral "A Ratoeira". No teatro, com cenários, figurinos e interpretações soberbas, vem sendo representada desde a estréia e, quem já viu (eu não vi, nem a montagem brasileira) diz que a peça é MARAVILHOSA.
Lendo esse livro não me entusiamei muito, nem na primeira leitura (há tantos anos), nem agora, mas entendo o seu sucesso: os ingleses adoram a realeza e o fato de a peça ter sido escrita para a querida Rainha-Mãe deve pesar nessa longa vida teatral.
Algumas das histórias do livro parecem ser um esboço para futuras utilizações.
Também neste livro está "Testemunha de Acusação" mas dessa história vou falar outro dia.

Agatha Christie escreveu durante 50 anos - de 1920 até os anos 70 e nesse espaço de tempo ela nos falou do que existia na época e das coisas que foram surgindo.
As primeiras impressões digitais, os telefone de linhas compartilhadas, as telefonistas, o telégrafo, o maravilhoso Correio de Sua Magestade (sempre confiável), o ditafone (grande novidade), os fogões elétricos (depois da guerra), as novas roupas para as mulheres que foram quase que forçadas a abandonar os trajes do tempo da era rainha Vitória que morreu em 1901, depois de longo reinado.
Há muito tempo que as mulheres vivem mais que os homens: Elizabeth I reinou 45 anos, Vitória, 63 anos e a atual, Elizabeth II, já está no trono há 57 anos e nem pensa em aposentadoria. Ela foi coroada em 1953 e, dizem, vai sobreviver ao fim do mundo em 2012.
A Rainha-Mãe, Mary, mulher de Jorge VI e mãe de Elizabeth II, também viveu um bocado e morreu, em 2002, com 101 anos.
Foi ela que pediu, em 1951, como presente de aniversário, uma peça radiofônica escrita por Agatha Christie. (continua)

sexta-feira, 16 de julho de 2010


"O Natal de Poirot" (Hercules Poirot's Christmas) foi escrito em 1938, em resposta a uma crítica do cunhado de Agatha Christie que reclamou da falta de sangue nos assassinatos criados por ela. O público gosta de sangue (nossos jornais populares confirmam isso) e, se possível, mais de um crime em cada livro.
O Natal, festa da cristandade que chama os homens de boa vontade para viver a paz na terra, é manchado por um velho mau carater que resolve pregar uma peça - de mau gosto - em seus familiares e os convida a passar o Natal com ele.
O velho mau pensava divertir-se magoando e humilhando seus filhos e noras, mas as coisas não acontecem como ele esperava: um assassino aproveita, também, a data para acabar com a vida dele.
Não é uma história de Natal, AC. apenas faz a ação desenrolar-se nos dias 22 a 28 de dezembro e HP., que visitava um amigo policial, é convidado a participar das investigações.
O crime, bárbaro, está bem de acordo com a vida que a vitima viveu: a violência e o sangue estão presentes . Os versos de Shakespeare (Macbeth) citados no início são muito apropriados.

quarta-feira, 14 de julho de 2010


"O Caso dos Dez Negrinhos" (Ten Little Niggers), foi escrito em 1939 e logo se tornou o livro mais comentado de Agatha Christie. Na época, muita gente deu palpite sobre a obra: o fim devia ser outro, é racista (por falar em negrinhos), etc.
Ora, a autora tem total domínio sobre o que escreve e quem não gosta do final, do desenrolar, do enredo, dos personagens, deve, quem sabe, escrever seus próprios livros.
Quanto aos dez negrinhos: trata-se, apenas, de utilizar uns versos infantis e umas figurinhas decorativas para marcar o andamento da história. Podiam ser dez indiozinhos, dez esquimozinhos, dez anjinhos brancos, qualquer outro elemento.
A história, muito bem engendrada e melhor contada, mostra como dez pessoas comuns são atraidas a uma ilha desabitada atendendo a um convite muito vago.
Por que aceitaram? No fundo todos temos a nostalgia do perigo e da ambição.
Um caso extremo do sentido de fazer justiça ou de realizar um desejo acalentado durante anos: o desejo de matar!
Se os personagens não despertam sentimentos de piedade ou leve simpatia a autora trabalhou para isso.
Não faço reparos ao livro, afinal é apenas, um livro.

terça-feira, 13 de julho de 2010


"M ou N ?" (N or M) é um pequeno livro escrito durante a 2a. guerra mundial e conta as aventuras do casal Tommy e Tuppence, agentes secretos amadores, cheios de vontade de voltar ao trabalho, interrompido com o fim da guerra de 14/18. Eles estão velhos, para os padrões da época , mas não aceitam isso. Ele tem 46 anos, imagine!
Passado em 1941, às vésperas do "Dia D" (6 de junho) o tema são os ingleses simpatizantes e colaboradores do regime nazista da Alemanha - esses traidores recebiam o nome de "5a. coluna", inclusive aqui no Brasil eram assim chamados.
Passados 70 anos os acontecimentos parecem tão distantes e absurdos que só esperamos que nunca voltem a nos assombrar.
Tommy e Tuppence voltaram à ativa e aproveitaram a oportunidade de ajudar seu país. Merecem a aposentadoria.

segunda-feira, 12 de julho de 2010


Aghata Christie, nesse livro, relembra as ceias de Natal do seu tempo de menina: Sopa de ostras (preciso dessa receita), linguado, peru assado, peru cozido e um enorme filé. As sobremesas: torta de frutas, bolo de amêndoas e o tal "Pudim de Passas". Nesse pudim de Natal, feito com dias de antecedência (para ficar no ponto), são adicionados , no momento do cozimento, alguns objetos que ao serem colocados nos pratos são motivo de grande hilariedade: aneis de casamento, aneis de solteirão e solteirona, uma moeda de prata, etc.
A missão de HP é coroada de êxito, ele recupera o precioso rubi que fora roubado de um príncipe estrangeiro, ingênuo e estroina, e desmascara a jovem aventureira.
No final, HP dá uma lição na riquinha que, desprezando sua vida familiar, prefere viver aventuras em Chelsea, bairro boêmio de Londres. Coitadinha, se deu mal.

Agatha Christie também escreveu sobre o Natal. O livro "A Aventura do Pudim de Natal" (The Adventure of the Christmas Pudding), publicado em 1960, contém 6 histórias curtas (com Hercule Poirot e Miss Marple) e é a primeira história que dá nome ao livro.
Hercule Poirot é convidado (intimado) por pessoas do Governo, a passar um Natal no campo inglês para investigar um grave problema de Estado.
Ele não fica entusiasmado com a idéia de passar os feriados do Natal numa mansão inglesa do século XIV mas é convencido pela promessa de aquecimento central e água quente nos quartos.
A proprietária de Kings Lacey é a Sra. Lacey que aceita a presença de HP como um favor a uma querida amiga e, aparentemente, não está a par dos reais motivos da visita dele. Enquanto conversa com seu hóspede a Sra. Lacey embainha panos de prato e fala dos seus problemas com a neta rebelde.
A descrição da Ceia de Natal, com sua culinária, no mínimo curiosa, é uma mostra do humor inglês de AC.
(continua)

sexta-feira, 9 de julho de 2010


Sempre ocupada com seu tricô, Miss Marple observa o mundo a seu redor, tão diferente da sua pequena aldeia de St.Mary Mead. Ela chega a reclamar que alí não acontece nada, é tudo muito igual e parado.
Felizmente, para Miss M. , os acontecimentos se precipitam e ocorrem mortes, aparentemente natural (a primeira), mas muito suspeita para uma veterana conhecedora de crimes e criminosos.
Bisbilhoteira como sempre, ela procura informações e usa subterfúgios ao inquirir o médico local: usa os seus joelhos para, numa consulta, sondá-lo a respeito da vítima. Os joelhos de Miss M. estão sempre "na dela", como pretexto. Como os meus que, doem muito (sempre), mas me permitem usá-los como desculpa para não ir a certos lugares maçantes.
No desenrolar da trama, Miss M. faz amizade com um senhor bem ranzinza e muito rico que, mais tarde, vai proporcionar a ela uma bela e rentável aventura. Gostaria de ver surgir em minha vida um senhor Rafiel!

Miss Marple tem um sobrinho que realmente gosta dela e está sempre disposto a agradar a querida tia Jane. Neste livro, "Mistério no Caribe" (A Caribbean Mystery), escrito em 1964, ela ganha uma viagem até uma das ilhas do Caribe (St. Honório) para passar umas semanas num hotel de sonho, numa ilha de sonho: muito sol, calor agradável, mar azul, praias maravilhosas.
O hotel é chic, os hóspedes são ricos e quase todos de mais idade, pois os jovens estão estudando ou trabalhando e ainda não podem pagar esses luxos.
Miss M. recebe da mulher de seu sobrinho um cheque para comprar roupas "de verão", próprias para aquele clima, mas essas roupas não são para ela. Ela usa, ao jantar, o traje adequado às senhoras inglesas no exterior: renda cinza. Essa é a vantagem de sermos velhos, podemos usar, todos os dias, a mesma roupa que ninguém vai reparar - afinal ninguém repara em mulher velha, somos invisíveis.
A idéia de Agatha Christie sobre o dia-a-dia de uma ilha tropical é muito limitada e ela fica só com o que conhece bem: os hóspedes do hotel.
(continua)

quinta-feira, 8 de julho de 2010


Uma jovem de 21 anos, recém-casada, chega, sozinha, à Inglaterra - onde ela nunca esteve. Aluga um carro e sai procurando uma casa para comprar, na costa sul do país, enquanto espera seu marido, ainda trabalhando longe dela.
Como são ousadas as moças inglesas! É claro que ela tem dinheiro e o carro (um Daimler) é alugado com motorista. Esse livro "Um Crime Adormecido" (Sleeping Murder) foi escrito na década de 40 e princípio dos anos 5o - uma personagem exibe, na sua sala, retratos do rei Jorge VI e das princesas Elizabeth e Margaret Rose o que coloca a ação antes da coroação de Elizabeth II, em 1953.
As casas inglesas, sempre com nomes (neste livro são citadas Hillside, Galls Hill, Calcutá Lodge, Antel Manor.... ) que são usados como referência postal.
Uma dessas casas desperta lembranças a jovem que resolve investigar um possivel assassinato, acontecido há 18 anos, sem pensar nas consequências dessa viagem ao passado.
Miss Marple, por acaso envolvida na história, é a voz sensata nessa aventura perigosa e conduz as investigações de forma meticulosa ajudando os jovens amadores até à conclusão final.
A justiça precisa ser feita, os inocentes merecem uma reparação e o mal não pode ficar impune.
Uma cena chama a minha atenção: batatas sendo fritas e postas a secar em folhas de jornal! E eles gostam.

terça-feira, 6 de julho de 2010


Agatha Christie aproveitava todo e qualquer assunto, alguns em profundidade e de outros ela faz apenas referência. Não é o tema central do livro, mas mostra que ela está atenta ao que acontece no mundo.
Assim ela fala de cartas anônimas ("A mão misteriosa"), cocaina (alguns usam, mas ela não enfatiza o assunto), bridge (quase todos os seus personagens jogam pelo menos uma vez ou outra. Mais em ("Cartas na Mesa"), louras burras (não se destacam pela inteligência - "Cavalo Amarelo" - e em alguns contos), doenças (bócio, em "Convite para um homicídio"; perda de olfato, em "Poirot perde uma cliente"), militares reformados de volta para casa: chatos, desajustados, com histórias intermináveis. Mas alguns são charmosos e despertam interesse nas mulheres em busca de marido. Ex: Cel Race), tinteiro, pena e mata-borrão: peças de época, polainas (Poirot usava polainas), impostos: grande vilão a comer as economias dos ingleses principalmente no pós-guerra, quadrilhas (de leve, em "Os Quatro Grandes"), cigarros (todo mundo fumava naqueles tempos, todo mundo oferecia cigarros às visitas) e até sequestro em aviões ! ("Passageiro para Frankfurt")
(continuo qualquer hora).

sexta-feira, 2 de julho de 2010

No Cavalo Amarelo o personagem principal, um historiador, homem culto e sensato, decide investigar as mortes por "forças ocultas" sem ligar para o perigo de desafiar três bruxas e suas encenações ridículas. Os crimes, na verdade, acontecem conforme um plano bem elaborado de um homem, organizador de uma rede criminosa mas, ele mesmo uma pessoa medíocre. Sua ânsia de aparecer, de ser reconhecido como "alguém" levá-o à perdição.
Para nós, hoje, o método empregado não daria certo, temos dificuldade em deixar entrar um desconhecido em nossa casa e muito menos que chegue ao banheiro. Mas há os crédulos e sempre o criminoso pode dar um jeito.
AC, mais uma vez, usa o veneno como arma do crime (nesse caso é o tálio) e nos mostra que pessoas comuns também podem resolver crimes.

"O Cavalo Amarelo" (The Pale Horse) foi o primeiro livro policial que minha sobrinha Beatriz leu, há muitos anos passados, e despertou nela uma admiração especial pelo gênero e pela autora que permanece até hoje.
Agatha Christie escreveu esse livro em 1961 quando já estava com 70 anos de idade e com o mesmo frescor dos primeiros anos.
A personagem Ariadne Oliver, calcada na própria Agatha, está com a corda toda. Suas tiradas são ótimas: para justificar um telefonema ela apresenta, em instantes, quatro motivos razoáveis e convenientes (pedir o endereço da loja que vende aquele caviar divino, pedir o endereço da milionária que quer restaurar um quadro, devolver um lenço que a moça emprestou no dia que correu sangue de seu nariz.....) e seu comentário sobre a reencarnação (por que uma pessoa velha, feia e pobre não se reencarna? São sempre princesas egípcias ou escravas babilônias) é o tipo de comentário que eu mesma sempre faço.
Naquela época o espiritismo estava na moda e AC aproveita para criar uma série de mortes aparentemente causadas por uma ordem dos espíritos.
(continua)