segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Agatha Christie não tinha muita simpatia pelas mulheres futeis e inuteis. Suas herdeiras não recebem compaixão e, ao contrário, as mulheres lutadoras são alvo de sua admiração. A cabelereira de Morte nas Nuvens, a enfermeira de Morte na Mesopotâmia e muitas outras são desse tipo.
No livro Morte no Nilo, AC nos apresenta uma variedade de mulheres, cada uma representativa de sua classe:
1- a herdeira rica, mimada e que pega tudo o que lhe interessa sem ligar para o outro;
2- a apaixonada doentia que também não vê o próximo, só pensa em si mesma;
3- a escritora de livros eróticos e, por isso, marginalizada pela moral da época. Esconde sua mágoa na bebida;
4- sua filha abnegada e disposta a tudo para preservar o que resta de dignidade em sua mãe;
5- a mãe dedicada ao extremo a seu filho único que ela sabe ser um inutil;
6- a americana, velha e rica, que expressa bem o tipo de cidadão americano que o mundo odeia. Despreza e pisa em todos ao seu redor. Pensa que é dona do mundo;
7- a parente pobre (já foi rica), mas de boa índole, coração meigo, obediente e, no fim, premiada: dois pretendentes e a coragem de escolher segundo o seu coração;
8- a acompanhante (enfermeira) da ricaça: competente, sabe o que tem a fazer e faz seu trabalho bem feito;
9- a criada francesa, símbolo da mulher ambiciosa e burra. Se dá mal, é claro.
AC usava poucos personagens, nove mulheres num só livro é uma façanha e tanto.

domingo, 14 de novembro de 2010

Quando começo a ler um livro gosto de saber o local (cidade) onde transcorre a ação. Os livros de Agatha Christie, quase todos, são ambientados na Inglaterra, uns poucos no Oriente Médio, alguns na França, na Africa do Sul, ilha do Caribe, Egito.... Há até um passado no Egito Antigo!
Mesmo na Inglaterra gosto de me situar e saber onde ficam as aldeias citadas. Procuro até no mapa.
Ler é viajar sem sair de casa. Visitamos e conhecemos um pouco de Torquay, Dartmoor, Devon, Dorchester, Dover, Calais e, claro, Londres. E vamos a Paris, Riviera Francesa, uma ilha ensolarada no Caribe, navegamos pelo Rio Nilo, viajamos com o Orient Express e vamos a muitos e muitos outros lugares em seus inúmeros contos.
Ainda na semana passada li um bom livro policial que, desconfio, é passado na Italia (o autor é italiano) mas o nome da cidade não é mencionado e não identifiquei qualquer bairro ou rua.
Até o nome dos personagens não me ajudou : Vasquez, Boris, Stern, Gavilla, Sarah, Roche, Rockford, Birmann, Clarisso - uma salada. Mas o livro é bom embora violento o que deixaria Hercule Poirot desconcertado. Muito sangue.

sábado, 6 de novembro de 2010

Depois de uma semana de abstinência de Internet continuo com minhas lembranças dos trens em Agatha Christie. Ela também falava das pequenas viagens pelo interior da Inglaterra, principalmente as viagens das 5as. feiras quando a tarifa era reduzida e as pessoas iam a Londres para fazer compras.
Os trens diários que ligam praticamente todas as cidades inglesas são cenários sob medida para A.C. No trem das 4:50 que sai de Paddington, alguém vê um crime ser cometido e torna-se, assim, a Testemunha Ocular do Crime quando dois trens, por poucos minutos, correm paralelos.
Outro detalhe acerca dos trens: quase todo mundo viajava de 2a. classe (a 3a. classe era para os mais pobres) e a 1a. era privilégio dos muito ricos ou esnobes.
Em criança eu viajei muito de trem, morava em Minas Gerais e visitava minha avó, no Rio, várias vezes no ano. Eram viagens maravilhosas, com minha mãe enjoando o tempo todo. Nos últimos anos fiz alguns passeios no que restou de trens de passageiros - Curitiba/Paranaguá, Angra dos Reis, Miguel Pereira.... Turismo.... Não é a mesma coisa, mas dá para o gasto.