segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Agatha Christie não tinha muita simpatia pelas mulheres futeis e inuteis. Suas herdeiras não recebem compaixão e, ao contrário, as mulheres lutadoras são alvo de sua admiração. A cabelereira de Morte nas Nuvens, a enfermeira de Morte na Mesopotâmia e muitas outras são desse tipo.
No livro Morte no Nilo, AC nos apresenta uma variedade de mulheres, cada uma representativa de sua classe:
1- a herdeira rica, mimada e que pega tudo o que lhe interessa sem ligar para o outro;
2- a apaixonada doentia que também não vê o próximo, só pensa em si mesma;
3- a escritora de livros eróticos e, por isso, marginalizada pela moral da época. Esconde sua mágoa na bebida;
4- sua filha abnegada e disposta a tudo para preservar o que resta de dignidade em sua mãe;
5- a mãe dedicada ao extremo a seu filho único que ela sabe ser um inutil;
6- a americana, velha e rica, que expressa bem o tipo de cidadão americano que o mundo odeia. Despreza e pisa em todos ao seu redor. Pensa que é dona do mundo;
7- a parente pobre (já foi rica), mas de boa índole, coração meigo, obediente e, no fim, premiada: dois pretendentes e a coragem de escolher segundo o seu coração;
8- a acompanhante (enfermeira) da ricaça: competente, sabe o que tem a fazer e faz seu trabalho bem feito;
9- a criada francesa, símbolo da mulher ambiciosa e burra. Se dá mal, é claro.
AC usava poucos personagens, nove mulheres num só livro é uma façanha e tanto.

Um comentário:

  1. A obra de AC realmente é inspiradora.
    Não suporto literaturas que descrevam a mulher como um ser frágil e impotente.
    Isso eu e AC temos em comum!!!

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