terça-feira, 31 de agosto de 2010


A vida das moças ricas, herdeiras de grandes fortunas, nunca foi, para Agatha Christie, um mar de rosas. Rodeadas de invejosos, interesseiros, aproveitadores e pessoas sem escrúpulos, elas passam muitas desventuras.
Este livro, "A Terceira Moça"(Third Girl), foi escrito em 1966, tempo dos Beattles, da mini-saias, dos jovens cabeludos com roupas espalhafatosas e... sujas.
Hercule Poirot, chamado a princípio, tem seus serviços recusados porque foi considerado "velho". Magoado, é claro, mas tambem curioso a respeito da pessoa que o procurou, ele entende que é sua obrigação ajudá-la, velho ou não.
Os personagens principais, como sempre, são poucos: pai, madrasta, filha, namorado da filha, tio muito velho, sua secretária bem novinha e as duas moças que se juntam à 3a. moça.
Em Londres, em 1966, persistia o endereço pelo nome das casas (não sei se ainda é assim). As jovens moram num prédio de apartamentos - Borodene Mansions, 67 - sendo 67 o número do apartamento delas. Em que rua fica Borodene Mansions?
Junto com H.P. aparece sua amiga, escritora de livros policiais, a Sra. Ariane Oliver, uma figura. Come maçãs o tempo todo, não bebe álcool e está sempre mudando de penteado. Como A.C., ela criou, em seus livros, um detetive, finlandês, solteirão e vegetariano, que ela detesta. (Mas seu público gosta). Exuberante, imaginativa, A.O. rouba qualquer cena, o que faz muito bem. H.P. com a costumeira vaidade, descobre toda a sórdida trama e denuncia os culpados. Felizmente.

domingo, 29 de agosto de 2010


Ontem reli um livro passado no Egito de 2.000 anos a.C., hoje tenho em mãos um relato mais recente envolvendo o Rio Nilo. "A Morte no Nilo" (Death on the Nilo), escrito por Agatha Christie, em 1937, apresenta uma trama bem a seu feitio e, como sempre, bem estruturada.
A rica herdeira, bonita, inteligente e acostumada a ter o mundo a seus pés, viaja em lua de mel, pelo Rio Nilo, visitando os lugares turísticos de sempre, mas não está feliz. Com seu modo de agir ela fez muitos inimigos que estão, agora, no barco que viaja pelo Nilo.
Este é um livro sobre o amor, amor exagerado, amor desesperado, amor sem limites. Quem ama dessa forma não liga para o que está a sua volta e não se importa com o mal que pode causar aos outros.
Mulheres fortes, decididas e capazes de qualquer coisa são uma constante nos livros de A.C. Na viagem acontecem três mortes e só a inteligência de Hercule Poirot pode desvendar o mistério.
A versão para o cinema, feita em 1978, pelo diretor John Guillermin, é muito satisfatória, na minha opinião. Peter Ustinov como H.P. e mais um elenco primoroso (Mia Farrow, Bette Davis, David Niven, Jane Birkin, Angela Lansbury......) fazem jus ao livro e, até hoje, gosto de revê-lo.
Uma coisa sempre reparo em A.C.: no geral, seus persongens masculinos retratam homens fracos e inexpressivos.

sexta-feira, 27 de agosto de 2010


Atendendo a uma sugestão de um professor amigo, Agatha Christie escreveu, em 1945, "E no Final a Morte" (Death comes as the End), passado em Tebas, no antigo Egito, por volta do ano 2.000 a.C.
Mas podia ser em qualquer outro tempo ou lugar. As pessoas e os fatos são, naquela época e hoje, praticamente os mesmos. Egito antigo, Londres, São Paulo, tanto faz, só os costumes são diferentes e demandam pesquisa, consulta a pessoas entendidas no assunto.
Naquele tempo não havia o Google e tudo ficava mais trabalhoso.
Uma grande propriedade, um homem muito rico e dominador, seus filhos submissos, suas noras insatisfeitas e os demais agregados e empregados participam da trama em que são cometidos sete assassinatos. Os fãs de A.C., naquela época, devem ter vibrado de satisfação.
Duas coisas chamam a atenção no livro: Não se deve dar poder aos muito jovens e não se pode negar poder aos mais velhos.
O Principe Charles já está passando da idade de ser rei e seu filho William ainda é muito novo para isso. Elizabeth II está num dilema, eu acho.
O cenário, as cheias do Rio Nilo, os costumes religiosos, a reverência para com a morte, os hábitos do Egito, há 2.000 anos a.C. são fascinantes e as comidas despertam nosso apetite para o exótico.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010


Em 1954, ao escrever "Um Destino Ignorado" (Destination Unknow) Agatha Christie mostra o quanto ela era atualizada. Cientistas atômicos, simpatizantes comunistas, cortina de ferro, paz universal, colaboração entre os povos, tudo o que estava na moda naqueles anos do pós-guerra.
É uma aventura com todos os lances de espiões e conspiradores mas, no fim, os ideais que movem as pessoas são os mesmos de sempre. Os ingênuos e os espertalhões são todos iguais é só uma questão de dinheiro e poder.
O cenário escolhido é Casablanca, sem o Rick's Café, que pena, e AC revela sua simpatia por esses lugares "exóticos".
Absurdos à parte, é um livro agradável e, nós, seus fãs nos deleitamos.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Quando comecei este blog era minha intenção falar das minhas lembranças e da admiração que tenho por Agatha Christie. Pretendia escrever diariamente, mas não contava com um fator imprevisível.
Sempre tive boa saúde mas, na 6a. feira, 24/7, fiquei acamada com o que, dizem, ser um ROTA-VIRUS. (Seja lá o que for isso!)
Mal voltei à minha rotina diária sofri, no dia 28/7, na minha cozinha, um desmaio que me levou ao Hospital São Lucas. Fui medicada (2 pontos na cabeça) e, por precaução, ganhei 3 dias no CTI.
Voltando para casa, no dia 31/7, vi que meu blog precisava ser revitalizado mas, muito fraca, estou relaxando.
Espero, no entanto, que em breve possa voltar à velha forma.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

-continuação -
Hercule Poirot é convidado para entregar os prêmios aos vencedores e, nesse aparente cenário inocente há, no entanto um quê de suspeito que não escapa à sensibilidade de A.O. Daí ela ter recorrido ao amigo H.P. para descobrir o mistério.
Agatha Christie reúne um grupo de personagens bem diversos: os donos da casa, a secretária, a esposa de um político local, um chamado capitão (empregado e "faz tudo"), um jovem casal hospedado na vizinhança, um arquiteto, a velha senhora (antiga proprietária da Mansão Nasse) e os moradores locais: um barqueiro de 92 anos, os criados, as jovens da vila. Aparece ainda um homem estrangeiro (das Ilhas Ocidentais) a bordo de um luxuoso iate.
A morte de uma jovem envolvida na "caçada" deixa frustado H.P. já que o inquérito nada apurou.
Mas acontecimentos posteriores levam H.P. a entender toda a trama e descobrir o assassino que, a esta altura, já havia cometido mais dois crimes.

"A Extravagância do Morto" (Dead Man's Folly) faz referência a uma construção, edificada em algum ponto de uma propriedade, por desejo de seu proprietário. Não tem função alguma - é uma extravagância e, nesse caso é "um pequeno trambolho fincado no meio das árvores e não é visto de lugar algum."
A mansão da extravagância, foi construida em 1790 para substituir uma outra (de 1700) destruída por um incêndio. O local sempre foi habitado por uma mesma família desde 1580 e, hoje, por motivos financeiros, foi vendida para um novo rico.
Agora, a mansão é palco de uma festa campestre beneficente e uma das atrações é uma "Caçada ao Assassino". Elaborada pela Sra. Ariadne Oliver, a escritora de livros policiais, é uma versão da conhecida "Caça ao Tesouro". -continua -

terça-feira, 17 de agosto de 2010


"Um Gato entre os Pombos" (Cat among the Pigeons), escrito em 1959, tem como cenário um colégio para mocinhas ricas onde elas aprendem, além das disciplinas normais, o modo correto de entrar e sair de um Rolls-Royce e como se comportar caso você almoce com a Rainha.
Muito conceituado, o colégio Meadowbank vê sua tranquilidade abalada e sua sobrevivência questionada quando ali acontecem três crimes de morte.
A trama envolve uma revolução em uma cidade do Oriente Médio, um tesouro em pedras preciosas, ambição, ciúme, chantagem.
Mais uma vez Agatha Christie apresenta mulheres fortes, corajosas e determinadas, os homens estão em segundo plano.
A colaboração de Hercule Poirot é outra vez solicitada e ele, como sempre, usa de sua perspicácia para deslindar a complicada rede criminosa.
É um livro que fala do amor entre dois jovens de mundos diferentes que veem seu sonho destruído pela tragédia.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010


Tommy e Tupence estão de volta! Os personagens tão queridos de Agatha Christie apareceram, inicialmente, logo após a 1a. Guerra Mundial e voltaram à ativa, em 1940, como espiões a serviço de Sua Magestade.
Agora, em "Portal do Destino" (Postern of Fate), eles estão velhos, aposentados, com filhos e netos e compram uma casa no campo para usufruir o ócio dos maiores de 70 anos.
A casa adquirida precisa de muitos reparos e AC aproveita para falar de sua própria experiência com o pessoal de obras: pedreiros, bombeiros, encanadores, eletricistas, pintores, etc.
Esses profissionais, em todas as épocas e em todos os lugares são todos iguais. Obra em casa é sinônimo de dor de cabeça, apesar de que eu não tenho o que reclamar dos meus obreiros. Graças a Deus eles fazem tudo dentro do prazo combinado e sem muita bagunça. Mas são caros, é claro, sempre são.
Tommy e, principalmente, Tuppence deparam-se na nova casa com um mistério de 70 anos atrás. Não sossegam até chegar a uma resposta. É muito bom ver um casal idoso em atividade, enfrentando perigos e trabalhos, lutando para resolver um crime antigo.
É um livro que mostra o dia a dia de uma família (até o cachorro tem parte ativa). Livrinho bobo, sim, mas muito meigo.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010


"Depois do Funeral" (After the Funeral) é um livro que gira em torno de um testamento. Justo, injusto, não importa, o morto assim o determinou e aos herdeiros não cabe contestar.
A disputa pelos itens materiais da casa é tão comum que vemos isso a cada hora que acontece uma morte. Até por coisas menores isso acontece sempre. As pessoas não mudam.
Hercule Poirot, chamado por um amigo, usa de toda a sua aguda percepção para deslindar um assassinato brutal.
Um dado interessante é a existência de um quadro do pintor holandês Vermeer que até aquela época não havia sido valorizado.
Para Agatha Christie o quadro valia até 5.000 libras. Hoje os poucos quadros de Vermeer (30 ou 34) estão avaliados em milhões de dólares.

sábado, 7 de agosto de 2010


Convidado a rever um caso de assassinato, HP vai se envolver no caso do livro "A Morte da Sra.McGinty" (Mrs. McGinty`s Dead) - uma intrigante história com personagens femininas em destaque. Os homens, a começar pelo acusado do crime, não interessam muito, são as mulheres que fazem toda a diferença.
Há de tudo: a morta, uma faxineira diarista; a incompetente - mas simpática - dona da pensão onde HP fica hospedado; uma solteirona apagada e explorada por uma mãe dominadora; uma velha rica e acostumada a ser tratada com todas as mordomias; a nova rica, loura e bonita, casada com um político; a esquiva mulher do médico; a loura decidida a ajudar investigando.
HP vive intensamente o processo de inocentar o acusado e encontrar o verdadeiro criminoso e, ao final, ainda encontra tempo para planejar um possivel casamento entre dois seres tão sofridos que ele vai reunir e salvar.

Hercule Poirot chegou à Inglaterra, como refugiado da guerra de 1914/18, foi ficando no país e participando das muitas aventuras para ele criadas por Agatha Christie.
Já era velho, aposentado da polícia belga, o que não impediu que até seu último caso - em 1965 - tenha ficado muito mais velho.
HP adotou os hábitos ingleses dos quais, alguns, ele não sentia entusiasmo mas, no geral, ele se adaptou.
Gourmet, HP estava sempre em busca de experiências culinárias não abrindo mão de suas preferências: croissant com chocolate no café da manhã, almoço por volta das 12 horas e a parte principal do dia: o jantar. Ele não comia nada nos intervalos: merenda no meio da manhã ou o chá da tarde tão querido aos ingleses.
Entediado e saciado com os bons pratos que escolhia, HP recebe a visita de um amigo que pede sua ajuda para um caso difícil. (continua)